RELATÓRIO DO DIA 05/09/2010
4ª Sessão (01/03/1975)
O ex-presidente general Spínola fugiu à Espanha e se encontrou com o presidente Francisco Franco. Há no território de Lisboa um porta-aviões, o USS Saratôga, vindo dos EUA que está causando um intenso desconforto.
Depois desses informes sobre a situação de Portugal, nós atentamos mais para a questão da presença do navio em nosso território. Chamamos o embaixador dos EUA em Portugal para esclarecer-nos essa questão. O sr. Frank Carlucci compareceu ao gabinete e nos disse (como o previsto) que o porta-aviões estava lá pelo motivo único de um exercício militar relâmpago em nossas terras.
Questionamos quanto à necessidade desse exercício em Portugal e não nos EUA, e o embaixador respondeu que não entendia nossa preocupação, já que Portugal é um membro da OTAN. Ele também questionou sobre nossa imprudência na realização da reforma agrária, justificando que era antiparadigmática para montagem do novo estado.
Tivemos também a presença do ministro das relações exteriores, dr. Mário Soares que, declarou que Portugal passava por um momento de introspecção, onde estávamos perdendo as rédias com as relações com os EUA. Nossa participação na OTAN, previa (segundo a carta do atlântico) a ocorrência livre de exercícios militares de qualquer membro em nossos territórios.
Fomos informados sobre uma possível “Matança da Páscoa”, onde grupos de extrema-esquerda matariam a pessoas de direita. Esse atentado estava previsto para a páscoa, dia 11 de março, e determinadas fontes disseram que os ataques ocorreriam em Braga, Coimbra e Grândola. A decisão, apesar de radical, tomada foi a de que haveria um estado de sítio durante 30 dias, e o reforço da segurança nas três cidades indicadas e em Lisboa.
5ª Sessão (11/03/1975)
Tropas de Spínola estão a atacar Portugal. Estão por toda a parte, principalmente nas divisas com a Espanha. A que nos parece, o encontro de Spínola com Franco conspirava contra Portugal. Precisamos rapidamente movê-las às proximidades do Palácio de Belém, pois em menos de meia hora chegarão até nós.
O tempo não é suficiente, o general Spínola invade o gabinete do MFA, exigindo a saída de Vasco Gonçalves, Otelo Saraiva e de Álvaro Cunhal do governo provisório. Exige a dissolução do COPCON, a reforma da junta de salvação, a revogação da reforma agrária e a reafirmação do pacto com a OTAN. Álvaro Cunhal se apresenta no gabinete e representa diante de Spínola o povo português, defendo seus interesses e os do MFA.
O golpe fracassa, e o gabinete propõe a formulação de um 4º governo provisório, com a escolha de um novo presidente.
6ª Sessão (25/03/1975)
Enfim chega o dia das eleições, e contrário ao pensamento geral, o partido comunista não se encontra à frente do partido socialista nas pesquisas. O PCP sofreu atentado de bombas e certas pichações indicam que foram tais atos foram cometidos por grupos de extrema direita, já que pichavam exaltações a Salazar e a Marcelo Caetano.
Vasco Lourenço e Otelo Saraiva são convidado a ir à Cuba para conhecer um pouco mais do sistema socialista cubano. Enquanto isso é discutido no gabinete uma possível saída da OTAN, devido à participação de um inimigo político de Portugal: a Espanha. Outros argumentos são utilizados para defender tão ponto de vista, como por exemplo, o de que continuaremos a ter relações comerciais com diversos países, contudo muitos membros do MFA são contra tais proposições.
Percebo desde o início um certo desvio ideológico em alguns membros do MFA, pois apesar da pluralidade interna do movimento e da tendência global à centralização, possui inegáveis bases esquerdistas.
Enquanto os camaradas voltam de Cuba, há um atentado de grupo de extrema direita, colocando-os em risco. Essa crescente tensão entre o povo português é mais um sinal de que devemos reformular o novo governo provisório, com a alteração do presidente.
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